§ Bibliografia:
- 1888: Relicário
- 1902: Rosa, Rosa de Amor
- 1908: Poemas e Canções
- 1909: Verso e Prosa
- 1911: Páginas Soltas
- 1912: Versos da Mocidade (Ardentias, Relicário, Avulsas.)
§ Poesia:
- 1916: A voz do Sino
§ Teatro:
- 1924: Luizinha
Velho Tema
Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.
ESTÉTICA
Convertido ao Parnasianismo na maturidade, nem por isso Vicente de Carvalho o perfilhou dogmaticamente. Em verdade, manteve-se um crente em perpétua dúvida, oscilando entre a aceitação franca do decálogo estético e caldeá-lo com as tendências imanentes de seu espírito, onde certo romantismo inato e um pendor para a ironia constituíam tônicas principais. Assim, no soneto “Velho Tema”, dos mais conhecidos do poeta, nota-se um patente camonismo, inclusive no travejamento conceitual. Entretanto, um traço de melancolia ou desesperança confessional neutraliza o impulso para qualquer transcendentalidade. Afinal, como se as posições se invertessem relativamente a Fagundes Varela, Vicente de Carvalho é que assume uma postura romântica, vizinha do Simbolismo: porventura mais do que os outros parnasianos reunidos na presente antologia, era acionado por vetores de extração romântica e/ou simbolista. De qualquer modo, Vicente de Carvalho foi um dos raros parnasianos cuja obra continua a encontrar eco em leitores de hoje, embora os menos exigentes ou mais afinado com sua poesia, essencialmente emotiva e formalmente escorreita.[1]
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