TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
Embora não tenha surgido outra etiqueta para substituir o vocábulo “modernismo” e embora algumas das propostas da geração de 22 continuassem vigorando nas décadas seguintes, o quadro literário mudou após os anos 40. A reação contra os excessos cometidos pelo grupo da Semana de Arte e seguidores, notadamente nos excessos da poesia, não é a menos relevante das mudanças levadas a efeito no pós-guerra de 39. Em 1945, surge a chamada “geração de 45” , que defende a primazia da ordem sobre os caos anterior (Ledo Ivo, Domingos Carvalho da Silva, Péricles Eugênio da Silva Ramos, João Cabral de Melo Neto). A literatura intimista e introspectiva, que se defrontara com a ficção regionalista no decênio de 3, agora exibe uma dimensão surpreendente, que a obra de Clarice Lispector tão bem documenta. E o romance nordestino, marcado por um realismo ideologicamente orientado, cede vez a um regionalismo de inflexão mítica, que encontrava na saga mineira de Guimarães Rosa a sua expressão mais elevada. O concretismo, enveredando já na década de 60 pela matriz vanguardista de Oswald de Andrade e provocando grande celeuma, pega a superação do verso e a correspondente substituição por estruturas organizadas segundo critérios de espacialidade e simetria geométrica. Nos anos de 70 registra-se o aparecimento de uma poesia de caráter experimental, não raro declaradamente rebelde (“poesia marginal”). A ficção deixa-se contagiar, nas décadas de 60 e 70, pelo nouveau roman francês e o modo acompanhando o prestígio de que as literaturas latino-americanas então desfrutavam. Nos anos 60 ainda se registra a confirmação da obra ficcional de Dalton Trevisan, Osman Lins, Mário Palmério, J. J. Veiga, Campos de Carvalho, Lygia Fagundes Telles, Adonias Filho, Autran Dourado. Mais adiante outros nomes também se firmariam, enquanto outros surgiriam com obras que cedo chamaram a atenção da crítica ou dos leitores, como Ruben Fonseca, Fernando Sabino, Moacyr Scliar, Murilo Rubião, Ricardo Ramos, Bernardo Élis, Luis Vilela, João Gilberto Noll, Sérgio Sant’ Anna, João Ubaldo Ribeiro, Raduan Nassar, Luiz Antônio Assis Brasil, Pedro Nova e tantos outros. Todas essas razões justificam que ganhem relevo as tendências contemporâneas, não fosse suficiente o fato de já se haver passado mais de setenta anos depois que o Modernismo se instalou entre nós, constituindo um período de intensa e sólida atividade literária, como nenhum outro na história da Literatura Brasileira.
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