terça-feira, 5 de abril de 2011

OSWALD DE ANDRADE


José Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, a 11 de janeiro de 1890. Estudos primários e secundários no Ginásio São Bento. Em 1917, forma-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, trava amizade com Mário de Andrade e Di Cavalcante, e com eles faz planos de renovação literária. Instalada a “Semana de Arte Moderna”, em 1922, torna-se o principal dinamizador do movimento, e até o fim mantém a fama de revoltado e irreverente. Faleceu a 22 de outubro de 1953, na cidade natal.

§        Poesias:

- 1925: Pau-Brasil;
- 1927: Primeiro Caderno de Poesia do aluno Oswald de Andrade;
- 1945: Poesias Reunidas.

§        Romances:

- 1922: Os Condenados;
- 1924: Memórias Sentimentais de João Miramar;
- 1927: Estrela de Absintos;
- 1933: Serafim, Ponte Grande;
- 1934: A Escada Vermelha;
- 1943: Marco Zero, I – A Revolução Melancólica;
- 1946: Marco Zero, II – Chão.

§        Teatro:

- 1934: O Homem e o Cavalo;
- 1937: A Morta, o Rei da Vila.

§        Ensaios:

- 1945: Ponta de Lança;
- 1950: A Crise da Filosofia Messiânica.

§        Memórias:

- 1954: Um Homem Sem Profissão.

A Ed. Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro, vem-lhe republicando as obras, de forma sistemática, desde 1970. Das várias facetas da personalidade literária de Oswald de Andrade, escolheu-se aquela que melhor lhe reflete a combatividade polêmica e o vanguardismo de temperamento: a poesia.

Falação

O Cabralismo. A civilização dos donatários. A Querência e a Exportação.
O Carnaval. O Sertão e a Favela. Pau-Brasil. Bárbaro e nosso.
A formação étnica rica. A riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
Toda a história da Penetração e a história comercial da América. Pau-Brasil.
Conta a fatalidade do primeiro branco aportado e dominando diplomaticamente as selvas selvagens. Citando Virgílio para tupiniquins. O bacharel.
País de dores anônimas. De doutores anônimos. Sociedade de náufragos eruditos.
Donde a nunca exportação de poesia. A poesia emaranhada na cultura. Nos cipós das metrificações.
Século vinte. Um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se  deformaram como babéis de borracha. Rebentaram de enciclopedismo.
A poesia para os poetas. Alegria da ignorância que descobre. Pedr’Álvares.
Uma sugestão de Blaise Cendrars: – Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.
Contra o gabinetismo, a palmilhação dos climas.
A língua sem arcaísmos. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros.
Passara-se do naturalismo à pirogravura doméstica e à kodak excursionista.
Todas as meninas prendadas. Virtuoses de piano de manivela.
As procissões saíram do bojo das fábricas.
Foi preciso desmanchar. A deformação através do impressionismo e do símbolo. O lirismo em folha. A apresentação dos materiais.
A coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.
Contra a argúcia naturalista, a síntese. Contra a cópia, a invenção e a surpresa.
Uma perspectiva de outra ordem que a visual. O correspondente ao milagre físico em arte. Estrelas fechadas nos negativos fotográficos.
E a sábia preguiça solar. A reza. A energia silenciosa. A hospitalidade.
Bárbaros, pitorescos e crédulos. Pau-Brasil. A floresta e a escola. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.

ESTÉTICA

Em que pese ao brilho de sua obra, Oswald de Andrade ganhou lugar proeminente nos quadros do Modernismo pela constante ação pessoal em favor das idéias de vanguarda. Não se entenda, com isso, que sua poesia, seu teatro, seu romance e seu ensaio sejam destituídos de vitalidade e, mesmo, de atualidade. “Falação” constitui uma espécie de profissão de fé ou de manifesto literário, até certo ponto representando o pensamento de sua geração: postula o espírito Pau-Brasil, isto é, valorização de nosso substrato indígena; refuta o Parnasianismo, o Naturalismo e o vernaculismo de Rui Barbosa e outros; aceita a “deformação através do impressionismo e do símbolo”; prega “uma perspectiva de outra ordem que a visual”. Interpretando esse decágolo estético, observa-se que nem tudo recusa do passado, pois o Simbolismo sai engrandecido, e nem tudo é avançado em seu ideário, decerto por razões culturais do momento. Entranhadamente homem de São Paulo, sua poesia buscou refletir, como um lago espelha os astros inumeráveis do firmamento, as grandes comoções do tempo. Com fazê-lo, datou-se, para que os desígnios de sua geração vingassem e perdurassem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário