terça-feira, 5 de abril de 2011

MODERNISMO


Afora os prenúncios de renovação encontráveis na quadra simbolista, os antecedentes imediatos do Modernismo localizam-se na década de 10. Em traços gerais, resumem-se nos seguintes: em 1912, Oswald de Andrade viaja para a Europa pela primeira vez e trava contato com o Futurismo de Marinetti; em 1915, Monteiro Lobato publica no Estado de S. Paulo dois artigos (“Velha Praga” e “Urupês”), que decretam a falência de nosso regionalismo sentimental e idealista; em 1917, Anita Malfatti realiza exposição de pintura cubista, e provoca u depoimento polêmico de Monteiro Lobato (“A Propósito da Exposição Malfatti”, 20/12/1917); entre 1917 e 1922, os moços de São Paulo descobrem a escultura de Brecheret, Graça Aranha regressa da Europa e dá lume sua Estética da Vida (1921), onde germina um pensamento insatisfeito com os padrões em voga; Ronald de Carvalho, após integrar o movimento modernista português, em torno da revista Orpheu (1915-1916), aproxima-se dos “novos” que preparavam o advento da modernidade entre nós. O ano de 1921 presencia a completa maturação do processo revolucionário: faltava apenas um acontecimento que deflagrasse o estopim. Com efeito, anunciada em 20 de janeiro de 1922, a “Semana da Arte Moderna” instala-se no Teatro Municipal de São Paulo, entre 11 e 18 do mês seguinte, em três sessões, nos dias 13, 17 e 17. Conferências, declamações, récitas musicais, mostra de artes plásticas, constavam do programa, executado por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Paulo Prado, Guiomar Novais, Ronald de Carvalho, Graça Aranha e outros. Apesar da forte reação do público, o novo ideário vingou, fixou-se numa série de revistas e difundiu-se pelo resto do País. Ao longo de seu percurso, o Modernismo atravessou as seguintes fases: de destruição, entre 1922 e 1928, caracterizada pela irreverência iconoclasta (“poema-piada”), o nacionalismo desenfreado, o primitivismo, o repúdio total de nosso passado histórico; em 1928, com a publicação de Macunaíma, de Mário de Andrade, e Bagaceira, de José Américo de Almeida, tem começo a segunda fase, que se estende até 1945; etapa de construção, de edificação dum organismo literário coerente com o espírito reformador, dá origem à ficção nordestina e à regional, de Jorge Amado, Raquel de Queirós, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, ao romance de urbano, psicológico e introspectivo, de Octavio de Faria, Marques Rebelo, Lúcio Cardoso, Cornélio Pena, José Geraldo Vieira, à poesia de Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles, Ribeiro Couto, Augusto Frederico  Schmidt e outros, vindos de antes mas definindo o melhor de sua obra nessa altura, ou iniciando então sua trajetória.

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