terça-feira, 5 de abril de 2011

MÁRIO PEDERNEIRAS


Mário Veloso Paranhos Pederneiras nasceu no Rio de Janeiro, a 2 de novembro de 1868. Estudos secundários no Colégio Pedro II. Em São Paulo, cursa durante um ano a Faculdade de Direito. Regressando à cidade natal, emprega-se como securitário e, logo mais, taquígrafo do Senado. Ao mesmo tempo, inicia-se no jornalismo e na literatura. Em 1990, estréia com Agonia. Classifica-se em terceiro lugar, seguidamente a Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, num concurso para escolher o “príncipe dos poetas brasileiros”, realizado em 1913. Faleceu a 8 de fevereiro de 1915.

§        Bibliografia

- 1901: Rondas Noturnas;
- 1906: Histórias do Meu Casal;
- 1912: Ao Léu do Sonho e à Mercê da Vida;
- 1921: Outono;
Inéditas permanecem duas peças de teatro (Dona Bernarda e Dr. Mendes Camacho, esta desaparecida) e um Caderno de Notas Literárias, correspondente ao ano de 1990.


Meu Casal

Fica distante da cidade e em frente
À remansosa paz de uma enseada,
Esta dos meus romântica morada,
Que olha de cheio para o Sol nascente.

Árvores dão-lhe a sombra, desejada
Pela calma feição de minha gente,
E ela toda se ajusta ao tom dolente
Das cantigas que o Mar lhe chora à entrada.

Lá dentro o teu olhar de claros brilhos,
Todo o meu bem e todo o meu empenho,
E a sonora alegria de meus filhos.

Outros que tenham com mais luxo o lar,
Que a mim me basta, Flor, o que aqui tenho:
Árvores, filhos, teu amor e o mar.

A Rua

Eu considero a Rua
O melhor livro de Filosofia...
Na sua Vida que palpita e atua,
Há todo um método de ensinamento,
Desde o que prega risos e alegria,
Ao que doutrina mágoa e sofrimento.

É nela que se iguala o rumo demarcado
Do homem feliz, sincero ou falso,
E do grave senhor solene e douto,
Ao indeciso rumo aventurado
Do monstro infeliz de pé descalço

E de sapato roto.[1]

ESTÉTICA

            À semelhança de não poucos dos contemporâneos, iniciou sua trajetória fascinado pelo brilho de Cruz e Sousa, onde tudo lembra o poeta catarinense, desde a aliteração, cara à mentalidade simbolista, até a abundância meio arbitrária de maiúsculas. Superando a influência constrangedora, Mário Pederneiras descobre a vertente que o distinguiria nos quadros de nosso Simbolismo: o cotidiano simples e burguês, apresentado por “Meu Casal”, nucleado sobre um fundo sentimental e ingênuo, de feição romântica. A predominância do verso livre e da dicção cronística à beira da prosa, embora faça crer na vitória da primeira alternativa, confere a Mário Pederneiras o papal de intermediário entre as linhas avançadas do Simbolismo e a revolução modernista de 1922. Desse modo, sua mediana cotação estética é compensada por sua importância histórica: a ele se deve a vulgarização do ritmo e do metro irregulares e dos temas colhidos no dia-a-dia banal, que se tornariam moda nos anos 20 e 30.[2]


[2] MOISÉS, Massaud. A Literatura através dos textos. 24ª ed. CULTRIX. São Paulo, 2004.

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